As edições do Big Brother Brasil e o carnaval sempre coincidem. E com eles, uma enxurrada de corpos esculturais nas telas de TV, nas revistas em geral.
São bundas, coxas, seios, cabelos, barrigas das mais perfeitas possíveis. Fruto de dias de sacrifícios de todos os tipos.
A mesma pauta percorre do Bom Dia Brasil até o Jornal da Globo: os corpos sarados de verão, a atriz que emagreceu 7 quilos em um mês sem passar fome (hã?!), a dieta de carnaval da madrinha de bateria famosa...
E nós, aqui, seres humanos normais que trabalham 12 horas por dia, passam mais 2 horas no trânsito, tenta fazer uma reles caminhada duas vezes por semana, concilia os horários para pegar a promoção do supermercado e, quem sabe, um cineminha no final de semana; ficamos abismados observando tudo isso e às vezes pensa: “Tem jeito não. Vou ser feia mesmo por que não tenho tempo para construir um corpão desses.” ou, fruto do desespero por se enquadrar no padrão estético “dominante”, cai na conversa da vendedora de Herbalife, do pacote mágico de estética ou do shake milagroso.
Tudo isso, como se aquela ali fosse a beleza real, aquela como diria Zeca Baleiro: A beleza que põe mesa, e que deita na cama. A beleza de quem come, a beleza de quem ama. A beleza do erro, puro do engano, da imperfeição...
A incoerência toda é que elas é que são consideradas as heroínas, pelos seus feitos colossais na sociedade da corpolatria.
Elas, as perfeitas, são felizes? Por que vê-las assim, em tanta abundância nem sempre me deixa na melhor auto-estima.
Entretanto, acho que eu é que merecia uma capa de revista por com todas as minhas imperfeições físicas, espirituais e emocionais, conseguir ser feliz. Pela minha coerência crítica perante estes fatos, pelos meus feitos brilhantes na batalha do dia-a-dia, por conseguir ler três livros por semana e ainda ser uma excelente esposa (na mais moderna acepção do termo).
Sendo eu a heroína, como se referirá o Pedro Bial a mais nova Big Bunda?
Se o corpo perfeito sempre será aquele que não é meu, então melhor interromper a neurose por aqui e cultivar outras expectativas mais saudáveis perante a vida.