domingo, 28 de março de 2010

Páscoa no meu coração

Eita felicidade que não avisa quando, nem como vai voltar!
Não é que outro dia ganhei um poema com meu nome? “Coincidentemente”, havia vários dias que me sentia algo abaixo dos protozoários, e saber que fora inspiração para a poetisa me encheu o coração.
Coisa boba, um poeminha, uma trovinha, um simples elogio. Assim despretensioso, mas que abriu a temporada “de bem com a vida”. Como diria o livro, uma canja de galinha para a alma.
Eis que o cardíaco estava reluzente e aberto ao mundo.
Então tive um sonho com uma Bela flor que me fez um dia chorar de saudade. Ela me dizia que estava muito bem. Pequena, porém forte! As lágrimas insistiram em cair, pois jamais se esquece um grande, instantâneo e profundo amor.
Acalentada com esta breve e inusitada visita, prossegui em paz e talvez vendo muito mais cor no meu caminho.
O verão acabou, o outono (minha estação favorita) chegou e com ele toda a frescura de um tempo de frutificação.
Um dia, o vento entra pela janela e deposita no colo da irmã querida uma nova semente para brotar outra vez em seu já fértil e dócil ventre.
Peguei-me chorando outra vez! Mais um amor para chamar de meu?! Outra plantinha para cultivar e fazer virar flor no meu coração?! Sem medo de sofrer, apenas pensei: “Novos aromas para a primavera.”
Eu não sei o que fiz para de repente ser tão feliz assim, vai ver é o Menino Crístico, renascendo em Páscoa no meu coração.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Que Deusa é você?



Ví num blog de uma amiga um link de um teste sobre feminilidade e comportamento. O teste, "Que Deusa você é?" é bem legal, apesar de não ter respaldo científico. Ele aponta pontos da nossa personalidade que só percebemos quando somos postos em supostas situações. O meu teste deu que sou a "Deusa Atena – Deusa independente". Bem, com algumas coisas eu concordo, com outras não. Mas gostei do teste e deixo aí a sugestão para vocês fazerem também: http://www.bolsademulher.com/especiais/deusa_mulher-100045.html


quarta-feira, 10 de março de 2010

A difícil arte de ser mulher

Frei Betto

Hours concours em Cannes, um dos filmes de maior sucesso no badalado festival francês foi “Ágora”, direção de Alejandro Amenabar. A estrela é a inglesa Rachel Weiz, premiada com o Oscar 2006 de melhor atriz coadjuvante em “O jardineiro fiel”, dirigido por Fernando Meirelles.

Em “Ágora” ela interpreta Hipácia, única mulher da Antiguidade a se destacar como cientista. Astrônoma, física, matemática e filósofa, Hipácia nasceu em 370, em Alexandria. Foi a última grande cientista de renome a trabalhar na lendária biblioteca daquela cidade egípcia. Na Academia de Atenas ocupou, aos 30 anos, a cadeira de Plotino. Escreveu tratados sobre Euclides e Ptolomeu, desenvolveu um mapa de corpos celestes e teria inventado novos modelos de astrolábio, planisfério e hidrômetro.

Neoplatônica, Hipácia defendia a liberdade de religião e de pensamento. Acreditava que o Universo era regido por leis matemáticas. Tais ideias suscitaram a ira de fundamentalistas cristãos que, em plena decadência do Império Romano, lutavam por conquistar a hegemonia cultural.

Em 415, instigados por Cirilo, bispo de Alexandria, fanáticos arrastaram Hipácia a uma igreja, esfolaram-na com cacos de cerâmica e conchas e, após assassiná-la, atiraram o corpo a uma fogueira. Sua morte selou, por mil anos, a estagnação da matemática ocidental. Cirilo foi canonizado por Roma.

O filme de Amenabar é pertinente nesse momento em que o fanatismo religioso se revigora mundo afora. Contudo, toca também outro tema mais profundo: a opressão contra a mulher. Hoje, ela se manifesta por recursos tão sofisticados que chegam a convencer as próprias mulheres de que esse é o caminho certo da libertação feminina.

Na sociedade capitalista, onde o lucro impera acima de todos os valores, o padrão machista de cultura associa erotismo e mercadoria. A isca é a imagem estereotipada da mulher. Sua autoestima é deslocada para o sentir-se desejada; seu corpo é violentamente modelado segundo padrões consumistas de beleza; seus atributos físicos se tornam onipresentes.

Onde há oferta de produtos – TV, internet, outdoor, revista, jornal, folheto, cartaz afixado em veículos, e o merchandising embutido em telenovelas – o que se vê é uma profusão de seios, nádegas, lábios, coxas etc. É o açougue virtual. Hipácia é castrada em sua inteligência, em seus talentos e valores subjetivos, e agora dilacerada pelas conveniências do mercado. É sutilmente esfolada na ânsia de atingir a perfeição.

Segundo a ironia da Ciranda da bailarina, de Edu Lobo e Chico Buarque, “Procurando bem / todo mundo tem pereba / marca de bexiga ou vacina / e tem piriri, tem lombriga, tem ameba / só a bailarina que não tem”. Se tiver, será execrada pelos padrões machistas por ser gorda, velha, sem atributos físicos que a tornem desejável.

Se abre a boca, deve falar de emoções, nunca de valores; de fantasias, e não de realidade; da vida privada e não da pública (política). E aceitar ser lisonjeiramente reduzida à irracionalidade analógica: “gata”, “vaca”, “avião”, “melancia” etc.

Para evitar ser execrada, agora Hipácia deve controlar o peso à custa de enormes sacrifícios (quem dera destinasse aos famintos o que deixa de ingerir...), mudar o vestuário o mais frequentemente possível, submeter-se à cirurgia plástica por mera questão de vaidade (e pensar que este ramo da medicina foi criado para corrigir anomalias físicas e não para dedicar-se a caprichos estéticos).

Toda mulher sabe: melhor que ser atraente, é ser amada. Mas o amor é um valor anticapitalista. Supõe solidariedade e não competitividade; partilha e não acúmulo; doação e não possessão. E o machismo impregnado nessa cultura voltada ao consumismo teme a alteridade feminina. Melhor fomentar a mulher-objeto (de consumo).

Na guerra dos sexos, historicamente é o homem quem dita o lugar da mulher. Ele tem a posse dos bens (patrimônio); a ela cabe o cuidado da casa (matrimônio). E, é claro, ela é incluída entre os bens... Vide o tradicional costume de, no casamento, incluir o sobrenome do marido ao nome da mulher.

No Brasil colonial, dizia-se que à mulher do senhor de escravos era permitido sair de casa apenas três vezes: para ser batizada, casada e enterrada... Ainda hoje, a Hipácia interessada em matemática e filosofia é, no mínimo, uma ameaça aos homens que não querem compartir, e sim dominar. Eles são repletos de vontades e parcos de inteligência, ainda que cultos.

Se o atrativo é o que se vê, por que o espanto ao saber que a média atual de durabilidade conjugal no Brasil é de sete anos? Como exigir que homens se interessem por mulheres que carecem de atributos físicos ou quando estes são vencidos pela idade?

Pena que ainda não inventaram botox para a alma. E nem cirurgia plástica para a subjetividade.

* Artigo publicado dia 10/03/10 no Diário da Manhã

segunda-feira, 8 de março de 2010

Feliz Dia Interncional da Mulher, amigas!

As amigas estão sempre lá. Mesmo quando parecem ter uma enorme distância física, sabemos que estão tão próxima, que podemos até sentir seu cheiro ou ouvir sua gargalhada. Amigas são assim, às vezes ouvem muito, às vezes falam mais. Com algumas o contato é direto, já com outras, os encontros são raros. Mas nem por isso menos amigas.


Existem amigas para fazer compras, ir ao cinema, comer brigadeiro em casa, aquelas que são ótimas conselheiras e outras desligadas, que nem percebem quando estamos tristes, mas sempre tem um ótimo humor para nos fazer rir.

Existem amigas doces, bravas, palhaças, apaixonadas, intensas, centradas, mães, namoradas, esposas, profissionais, psicólogas, cozinheiras, choronas, dona de casa, animadas, tímidas, doidas, baladeira, irmãs, mas acima de tudo: DIVAS.

E quando todas elas se juntam, o resultado é um caldeirão de boas histórias, lágrimas e abraços. Amigas de longa data e outras existências. Cada uma de vocês contribuiu para meu crescimento pessoal e me faz uma pessoa melhor. Juntas, conquistamos o mundo e vencemos batalhas.

Obrigada por me provarem a cada encontro, que existem problema maiores que os meus e conquistas melhores. Obrigada pelos elogios, críticas, ombros e risadas. Isso tudo me faz crescer. Desejo que o arquiteto do universo nos mantenham juntas por muitas existências, para assim, mesmo com destinos diferentes, auxiliemos sempre umas às outras.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Céu da boca*

Céu = tudo aquilo que há de bom, devaneio e lírico neste mundo.
A estrela cadente da esperança, a lua dos apaixonados, o sol de férias, a chuva após a longa seca, a revoada de pássaros, uma dimensão além de anjos, santos e soluções.
O meu céu, mais próximo de um céu da boca, convoca um mundo de prazeres sensoriais e emocionais que passam por ali.
Um tempero de mãe, um sabor de pai, a risada da menina, o beijo do príncipe, brigadeiro de colher, o café com amigos, a gargalhada da prima, o salgado do suor, o canto da Diva, uma voz de irmã ao telefone, o gás do frisante, o apelido carinhoso e familiar.
Açafrão, gengibre, canela, cravo, sal, pimenta e alho do cotidiano.
Bocas que compõem o meu céu, e aquecem o meu coração.

* O último espetáculo da Quasar Cia de Dança tem o mesmo nome, e me fez pensar no assunto. By the way, vale a pena conferir.

Francielle Felipe