quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

A busca do beijo

"Um homem perde o senso de orientação após quatro drinques; uma mulher após quatro beijos." (Henry Louis Mencken)


Fazia exatamente 7 meses, 14 dias e 2 horas que ela não tinha contato físico com um homem. E não é que ela não quisesse. Simplesmente não tinha rolado. E ela definitivamente não era feia. Bem sucedida, 29 anos, magra, cabelos lisos e olhos expressivos. Sem falar que também era inteligente, culta e bem humorada. Ela não estava em busca de sexo. Até mesmo porque, não era do seu feitio ir para a cama com um homem no primeiro encontro. No terceiro, talvez, mas a sua busca não era por sexo casual. Ela queria beijar. Extravasar a energia sexual acumulada em troca de saliva e alguns amassos indefesos.

Resolveu então sair, já que fica em casa não iria resolver muito o seu problema. Rodou a cidade e não encontrou nenhum lugar legal em plena terça-feira. Foi parar em um bar gay. Música legal, pessoas divertidas e a melhor caipirinha da cidade, havia recomendado um amigo. Alguns goles a mais e pronto! Estava alegre o bastante para procurar alguém para a troca de salivas. Estava confusa e chegou a questionar se era lésbica. Só podia saber se tentasse. Deu uma olhada em volta: loiras, morenas, ruivas, altas, magras,gordas, peitudas, sem peitos... Não se sentiu atraída por nem uma delas. Tentou imaginar-se beijando uma mulher e lhe causou estranheza e até uma repugnância. Claro, era não era gay. descartou então a possibilidade de um beijo homossexual.

Depois de umas caipirinhas a mais, resolveu se soltar na pista e quando se deu conta estava beijando. Lindo, sarado, bem vestido e cheiroso. De repente, ao som de I'll Survive, se lembrou que estava em um local pouco ou não frequentado  por heterossexuais. Bateu um desespero. A que ponto chegou: ela beijou um gay. Que aliás, ela agarrou. Ela nunca havia tomado a iniciativa numa relação. O lindo retribuiu o beijo, quase que por caridade.

Sentiu-se envergonhada e sentiu o efeito do álcool passar. Estava lúcida, como nunca havia estado em toda sua vida. Então, tudo começou a fazer sentido. Na verdade, ela nunca havia se permitido. Ela era linda, inteligente e interessante. Mas não se fazia perceber. Não acreditava que era capaz e quando não acreditamos em nós mesmos, não podemos exigir que ninguém acredite. Ela finalmente experimentou de uma liberdade que jamais havia sentido e agora sim, estava pronta e aberta para o amor, para a vida.

*Texto baseado em fatos reais de uma Diva em busca de si mesma

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Um encontro mágico

Tem histórias que fazem a gente se inspirar...
Para Ângela.

A certa altura da vida, conclui que necessitava de novas emoções. De sentimentos arrebatadores que me tirassem do eixo, sentisse frio da barriga, que me trouxessem o bom humor e o frescor da imersão no desconhecido. Eu queria mesmo era um desses encontros mágicos.

Não sabia bem por onde começar, o que procurar. Talvez alguém, uma beleza surpreendente, um papo interessante. Ou um hobby, quem sabe.

Como tudo que é mágico, não está assim tão à vista. Parecia requerer iniciação, estudo de teorias e práticas que proporcionassem as faculdades de ver e sentir aquilo que nem todos podem.

Ao que tudo indicava, a magia estava na habilidade de trazer de dentro de mim capacidades nunca antes exploradas, ou da natureza. Para tanto, talvez fosse necessário observar a vida sob um aspecto mais elevado, cerimonioso.

Joguei-me nas leituras, cultivei uma curiosidade por tudo aquilo que era novo e aguçava minha mente desperta. Comecei também a caminhar, não a esmo. Atenta, observando a tudo e a todos. O olhar ficou mais aguçado, via beleza onde antes não conseguia enxergar. Meus olhos ficaram mágicos!

A beleza que passei a ver, me invadiu. O meu corpo bem cuidado, agora tinha uma pele cintilante, sorriso cativante e alegria exalando pelos poros.

Comecei a manipular o tempo. Eternizava os mais ínfimos instantes onde, gratamente, os armazenava em delicadas gavetas do meu coração.

Com os meus exercícios de magia, a audição ganhou proporções enormes. Agigantaram-se as possibilidades de compreensão daqueles que estavam ao meu redor. Ouvindo-os, lia suas almas. Até as mais pueris colocações me traziam algo.

Eu que já era toda mágica, vi que era magnética a minha fertilidade e capacidade de multiplicar. Sentia-me forte, poderosa. De tão encantada, esqueci-me do encontro.

Sei lá, já não parecia mais tão importante descobrir uma única coisa que fosse capaz de resgatar em mim algo que revirasse as minhas entranhas. Eram tantas as descobertas desde que aprendi magia! Não que eu me julgasse cheia de virtudes, apenas não estava mais paralisada de ansiedade frente à expectativa por um encontro.

Displicentemente caminhando por aí, esbarrei num desconhecido cavalheiro. Suas roupas não eram nada semelhantes às dos que caminhavam por aqui. Falava uma língua estranha. Acho que era de outro país.

Curiosa, decidi investigar. E não é que ele era mágico também? Braços de amansar desejos, boca de beijo, corpo de tocar, olhos de gato, sabor de hortelã, cheiro de príncipe.

Cochichei ao seu ouvido: “Mágico, ao seu lado parece até que o mundo pára”. E ele me respondeu: “Que nada, você que é mágica. Num surpreendente encontro, se tornou pra mim o mais belo dos presentes.”

“E hoje nos lembramos, sem nenhuma tristeza dos foras que a vida nos deu. Ela com certeza estava juntando você e eu.” (Minha Herança: Uma Flor - Vanessa da Mata)

Francielle Felipe

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Esse é meu ano sabático!

"O trabalho agradável é o remédio da canseira"
( William Shakespeare )



Um, a cada seis anos, a terra fica sem cultivo para então iniciar um novo ciclo de fertilidade. Mesmo sem saber que os judeus chamam este cíclo de "sabático", os agricultores já tem essa prática. Sabático vem do hebraico shabbath (sábado), e significa repouso. É o dia de recolhimento semanal dos judeus.E hoje, esta prática já está comum nos Estados Unidos e na Europa. Depois de um longo período de trabalho, a pessoa se dá o direito de parar tudo o que está fazendo para ter um momento íntimo. Um ano dedicado a sí mesmo. Tem gente que viaja, vai fazer um intercâmbio, mochilão ou um curso no país de origem, aprender uma nova profissão, especializar-se ou simplesmente descansar.

Estou no meu ano sabático. E estou publicando aqui, para ninguém mais vir me perguntar porque estou me dando o direito de ter "apenas" um emprego (tem gente que não tem nenhum e ainda quer que eu tenha vários). Hoje estou passando minhas tardes fazendo artesanato e assistindo séries. Comecei a trabalhar com 18 anos e nunca tive um só mês de férias. Sempre estive me revesando em vários empregos. Não estou reclamando. Posso dizer que foi muito gratificante para meu crescimento pessoal e profissional. Trabalhei pra burro, para conquistar carro, apartamento, festa de casamento e espaço no mercado. Foi ótimo e se não tivesse me esforçando tanto, hoje não estaria feliz profissionalmente, afinal, existe uma escada a escalar e posso dizer que já alcei alguns degraus.

Agora preciso de um ano, um só aninho para descansar. Pensar. Quero me curtir e fazer planos, para então, voltar com toda força para colocar novos projetos em andamento. Todo mundo precisa desta pausa, para não surtar. A ausência do ano sabático na vida de uma pessoa pode ter como resultado doenças mentais e físicas e eu decidi não adoecer. Decidi por ter uma vida saudável e feliz. Nem que para isso tenha que deixar meu marido trabalhar um pouco mais que eu (ele também terá o ano sabático dele, só não pode ser junto ao meu) e adie por mais um pouco a compra do carro zero.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

O Prazer é Todo Meu


   Ontem assisti ao filme “O prazer é todo meu”, gostei e recomendo a vocês por dentre outras coisas, ter me trazido boas risadas e algumas reflexões.
   Dirigido por Isabelle Broué, a comédia leve e inteligente (2004) conta a história de Louise (Marie Gillain), uma radialista independente e sexy. Ela namora François (Julien Boisselier), adora sexo e preza muito sua independência neste relacionamento. Recrimina a irmã, Félicie (Garance Clavel), esposa e mãe dedicada que finge ter orgasmos com o marido. Mas quando está prestes a apresentar o namorado aos pais, acontece uma tragédia: ela subitamente deixa de ter prazer no sexo! Não sente mais nada... É o começo de uma busca desesperada e nada irá detê-la na procura pelo prazer perdido.
   Na sua busca, Louise descobre que as pessoas não se sentem à vontade em conversar sobre o assunto, a recriminam com olhares e comentários velados pela sua angústia “fútil” por prazer. Impetuosa, ela aborda o assunto nas situações mais inusitadas e ouve diversas vezes (quase que como um pedido para que encerre o assunto): “Finja ter orgasmos. É uma declaração de amor a seu parceiro”.
   Indignada ela persiste em sua procura passando por sex shops, ginecologista, sexólogo, xamã africano, chás milagrosos e um bar lésbico.

A Iluminação da sexualidade

   O desconforto das pessoas no filme e o medo de tocarem no assunto, me fez lembrar o filósofo Michel Focault. Ele observa que através do tempo, houve um movimento de busca pela “iluminação” da sexualidade. Sendo a carne o móvel do sexo, deveria haver uma maneira a mais santificada possível de suprimir a carne e sublimar desejos. Isso nos colocou num estado de “miséria sexual”.
   Em seus textos sobre a História da Sexualidade, aponta o cristianismo como o aparato social que melhor desenvolveu técnicas para essa tal iluminação da sexualidade, como ferramenta para se alcançar a salvação.
   “A confissão, o exame de consciência, toda uma insistência sobre os segredos e a importância da carne não foram somente um meio de proibir o sexo ou de afastá-lo o mais possível da consciência; foi uma forma de colocar a sexualidade no centro da existência e de ligar a salvação ao domínio de seus movimentos obscuros. O sexo foi aquilo que nas sociedades cristãs, era preciso examinar, vigiar, confessar”(1) .
   Acho muito intrigante e chamo atenção para a miséria sexual. De certa forma, o filme em questão questiona estes valores e condições em nossa sociedade que colocam a mulher em tal situação. Félicie e a mãe de Louise são um claro exemplo disso – elas demoram a descobrir que ter prazer através do sexo lhes é lícito e torna a vida muito mais leve. Tudo isso em função da pressão que a protagonista faz para que a ajudem a resgatar o seu próprio prazer. Louise em contrapartida sofre muito com a incompreensão generalizada.

Miséria Sexual

   No ocidente, em nossas famílias, não se ensina a fazer amor, obter prazer, dar prazer aos outros, maximizar o seu prazer pelo prazer dos outros. Na nossa miséria, temos apenas de um lado a religião dizendo o que não fazer a respeito de sexo e prazer, de outro, a ciência da sexualidade e seus conceitos sobre corpos humanos. Muitos dados e julgamentos a respeito de sexo, sexualidade e relacionamentos. Repasse de vivências genuínas (desprovidas de preconceitos), informação e troca de experiências sem pudor, nem pensar!
   E aí voltamos ao Focault e a mentalidade cristã. O moço coloca que no cristianismo o mérito absoluto é precisamente ser obediente. Manter-se obediente é a condição fundamental de todas as virtudes. Assim, o controle da sexualidade passa a ser instrumento de poder, e caminho para a salvação. Passamos a ter um monte de pré-requisitos para a nossa felicidade que perpassam pelo casamento, a monogamia, o sexo para reprodução, a limitação e desqualificação do prazer (2).
   E quem é que não quer ser salvo? Obter a felicidade eterna? Todos nós! Sem hesitação. Assim, as ovelhinhas, obedecem há séculos seus pastores que dizem o que fazer e como fazer para independente da felicidade presente, alcançar a felicidade futura com muito sofrimento, repressão e limitações.
   E olha que nunca se fez tanto sexo e em tantas modalidades quanto hoje. Mas a questão aqui é qualitativa e não quantitativa. Mesmo com tanta liberdade, vários tabus ainda coexistem (caladinhos) e andam lado a lado com a revolução sexual iniciada pelas mulheres ao final da década de 1960.
   Em 40 e poucos anos de revolução feminina, muito já conquistamos e aprendemos, mas estamos apenas no começo. São séculos de opressão e muita besteira dita a respeito de sexo, prazer e felicidade neste mundo.

Francielle Felipe
_________________________________
1 FOCAULT, Michel. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1985.
2________________. Ética, sexualidade, política. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Homenagem a uma grande Diva

Ainda que eu falasse a língua dos homens e dos anjos, se não tiver caridade, sou como o bronze que soa, ou como o címbalo que retine." (I Coríntios)


O mundo está perplexo com a devastação do Haiti, causado por um terremoto, ontem. Dentre as vítimas, está Zilda Arns, a médica pediatra brasileira que trocou o consultório, pelas crianças pobres das favelas. Formada em medicina, Zilda aprofundou-se em saúde pública, visando salvar crianças pobres da mortalidade infantil, da desnutrição e da violência em seu contexto familiar e comunitário.

Compreendendo que a educação revelou-se a melhor forma de combater a maior parte das doenças de fácil prevenção e a marginalidade das crianças, para otimizar a sua ação, desenvolveu uma metodologia própria de multiplicação do conhecimento e da solidariedade entre as famílias mais pobres, baseando-se no milagre bíblico da multiplicação dos dois peixes e cinco pães que saciaram cinco mil pessoas, como narra o Evangelho de São João.

Em 1983, a pedido da CNBB, criou a Pastoral da Criança juntamente com dom Geraldo Majella Agnelo, arcebispo primaz de Salvador da Bahia e presidente da CNBB. Em 2004, recebeu da CNBB outra missão semelhante: fundar e coordenar a Pastoral da Pessoa Idosa.

Zilda Arns morreu atingida por uma pedra de concreto dentro de uma Igreja no Haiti, quando se preparava para uma palestra sobre a Pastoral da Criança na Conferência dos Religiosos do Caribe. Ela estava junto aos nossos irmãos menos favorecidos pelo dinheiro, porquem ela passou a vida lutando. A equipe do Reflexões de Uma Diva deixa aqui sua homenagem à milhares de vítimas do terremoto. Aos que sobreviveram, força para a reconstrução. Aos que já passaram para o outro lado da vida, paz para a nova caminhada. E à Zilda Arns, o nosso muito obrigada por representar tão bem a classe feminina.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Necessidade de silêncio


O despertador toca. O porteiro chama. O microondas apita. O elevador avisa que chegou. O celular toca. Alerta de mensagens. Buzinas. Motores. Interfone. O telefone chama outra vez. Um carro de som. O som do carro. Oi? Tudo bem? Você viu o Fantástico domingo? Messenger. O que estou ouvindo. Lembrete. Assobio. Clap clap clap. Fiu fiu. Splash. Blá blá blá. Unnnggh. Fonfon. Crac. Au au. Zooom. Ummmm. Pow!

Pausa para respirar.

O silêncio me faz falta. É só no silêncio que determinadas coisas podem ser ouvidas. Silêncio para não ferir. Para solidarizar, para sentir. Sossego para poder pensar direito.

Silêncio é calma para decidir, pausa para refletir, oportunidade de sentir.

Quantas coisas não são ditas no silêncio de um olhar? Piegas, mas é verdade.

Pode ser a melhor resposta para o absurdo ouvido ou uma insuportável contestação. Pode ser também sinal de sabedoria conseguir aplicá-lo bem e conscientemente.

Silêncio de verdade, na alma, dá medo. Abre espaço para tomada de consciência, para o autoconhecimento.

Dizem que Deus fala no silêncio, que sua voz só pode ser ouvida desta forma. S-I-L-E-N-C-I-A-N-D-O mente e coração para que ele possa agir visando a nossa felicidade.

Tanto barulho me faz mais sentido agora. Barulho e bastantes conversas inúteis para abafar a verdade íntima e o Deus interno de cada um. Barulho para no automático, se deixar levar.

É urgente o aprendizado de silenciar para que todo esse potencial de verdade interior possa produzir mais frutos.

Preciso de silêncio.


Francielle Felipe

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Você tem medo de que?

"Não é que eu tenha medo da morte. Eu apenas não quero estar lá quando isso acontecer" ( Woody Allen )




A Marília Gabriela entrevistou em seu programa na GNT hoje, o psiquiatra Eduardo Ferreira-Santos, sobre síndrome do pânico e medos. Ele dizia que todos os medos tem uma origem que em nada, tem a ver com o "objeto amedrontador". Por exemplo, o medo de baratas e outros insetos, tem na verdade a origem no velho argumento freudiano do "fálico". Estranho, não? Você deve estar pensando neste momento que este médico é mesmo de araque. Bom, ele me pareceu bem profissional, mas devo confessar que também não encontrei uma lógica, no que a própria Marília chamou de "associação livre". Bom, de acordo com ele, pessoas que quando uma barata é esmagada, tem aquele terrível nojo da gosminha verde que sai do inseto, na verdade, tem nojo do gozo masculino. Uma loucura na minha opinião. Mas o que me interessou nesta entrevista mesmo foi que ele afirmou que temos cada dia mais medos.

A sociedade moderna e suas pressões nos faz pessoas neuróticas. Medo de enchentes (com o que aconteceu em Angra, todo mundo vai pensar duas vezes antes de se hospedar numa pousada ao pé de serras), de violência, doença, insetos, morte e uma lista interminável de coisas que não podemos evitar e prever. Mas o motivo verdadeiro que me levou e escrever, é que eu também passei por um medo que eu teria que ter vergonha de contar, mas já que estamos aqui (e meu objetivo é escrever me colocando nua e crua, no bom sentido, é claro), não vou esconder. Medo de avião. Andei pela primeira vez  no último dia 28 de dezembro. Apesar de nunca ter entrado em um avião, já havia voado de helicóptero e tinha achado legal. Mas quando a gente decolou e eu percebi que o tempo todo a aeronave dá uma sacudidinha, eu achei que a viagem Goiânia-Porto Seguro é muito longa para minha gastrite aguentar.

Na verdade, não tive pânico, mas não relaxei. Ida e volta fiquei em alerta, pensando que não tinha jeito de uma aeronave tão pesada ficar no ar muito tempo. E uma queda de 11 mil metros de altura e a 800 km/h, não seria nada agradável. Na verdade, como exagerada que sou, já me imaginava manchete do Jornal Daqui (veículo que eu trabalho). "Jornalista morre em queda de avião na lua-de-mel". Uma notícia triste, que merecia destaque nacional. Afinal, sou jovem e com um lindo futuro pela frente. Loucura, não? Pois é. Porém, não se preocupem por que nem por isso vou deixar de viajar de avião, afinal, apesar do medo, tenho que confessar que o conforto é impagável.

Mas de acordo com este médico, perfeitamente normal. Não existe ninguém, segundo Eduardo Ferreira, que não tenha um medinho. Ele mesmo confessou ter pânico de ter febre. Bom, cada louco com seu problema. Eu, se for confessar todos os meus medos, vão internar. Então, é bom eu parar por aqui e ficar só no medo de avião mesmo. O restante, tenho certeza de que os comentaristas do blog vão contar.

Ciclos em nossas vidas (Autor desconhecido - Encaminhado por ACarol)

Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final..
Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver.
Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos. Não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram.
Foi despedido do trabalho? Terminou uma relação? Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outro país?
A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações?
Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu.
Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó.
Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seu marido ou sua esposa, seus amigos, seus filhos, sua irmã, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado.
Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco.
O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar.
As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora.
Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem.
Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração..
.... e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar.
Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se.
Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos.
Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor.
Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará apenas envenenando, e nada mais.
Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do "momento ideal".
Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou jamais voltará.
Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa - nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade.
Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante.
Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida.
Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era e se transforme em quem é.
Torna-te uma pessoa melhor e assegura-te de que sabes bem quem és tu própria, antes de conheceres alguém e de esperares que ele veja quem tu és..
E lembra-te :
Tudo o que chega, chega sempre por alguma razão”
(Fernando Pessoa)
 
UM FELIZ 2010 À TODOS!

domingo, 3 de janeiro de 2010

Comer, rezar, amar


Sou só ansiedade pelo filme baseado no romance de Elizabeth Gilbert - Comer, rezar e amar.
Quem leu o livro entende a expectativa pelo filme a ser estrelado por Julia Roberts, Javier Barden e previsto para ser lançado em fevereiro/10.
Minhas férias de 2007 foram embaladas por este romance (344 páginas em 3 dias!) que relata a busca de uma mulher por tudo na vida após uma crise existencial e emocional. Pode parecer um roteiro de novela, já foi criticado por ser um best seller no mundo todo, mas a verdade é que trata-se de uma história que fala ao coração de todas as mulheres modernas que buscam amor próprio, felicidade e espiritualidade.
As Divas que leram amaram. Segue link com a versão eletrônica da obra http://www.pdf-search-engine.com/comer-rezar-e-amar-pdf.html.

Francielle Felipe

Quem já dançou de bata de cola, fatalmente viu esse filme (kkk)



sábado, 2 de janeiro de 2010

Delirius tremis

Na busca por paz na Campo da Paz me deparei com uma ansiedade que me deixou com vergonha de mim mesma: medo de engordar. Como se por acaso, eu tivesse conseguido emagrecer alguma coisa.
De repente, fui invadida por um medo estranho de embarcar naquela onda de prazeres gastronômicos que é ficar ao meu bel prazer de cozinhar, transitando pelas cozinhas da Dona Vera e Dona Rosinha, parando no meio do caminho por um Manjar da Dona Gercina, virando na esquina do Pastelinho de Goiás e derrapando na empada da Patricinha.
Subitamente, sou pega em pânico na eminência de uma maldita e deliciosa torta de banana frita que arruína toda a minha disciplina do dia. O diálogo animado que embala a delícia anuncia a pamonhada que, como um evento, brindará o domingo. Ufa! Eu penso. Graças à Deus vou embora sábado à tarde.
Como quem ouve os meus pensamentos, e conspira contra mim, Dona Rosinha conclui: Vamos fazer as pamonhas sábado. Todo mundo vai embora domigo.
O pânico me assalta outra vez: conseguirei resistir?
Para melhorar, o joelho volta a doer, na tentativa de correr um pouco para equilibrar a balança da comilança. Tudo está contra mim!
Dá-lhe Surya Namascar A, B, algumas asanas e exercícios de respiração para um pouco de centramento. Estou perdendo o controle, migrando para o lado negro da força. Não era para ser divertido?
Começo a pensar que o melhor lugar do mundo para passar férias é Goiania. Lá tem academias e a minha casa fica bem longe dessas cozinhas malditas.
Que horror!
E seguem pães de queijo, coca-cola, peixe frito, paçoquinha, pavê de olho de sogra, picanha...mais empada e só!
O que a balança tem para me dizer depois de tudo isso? Conseguirei cumprir a promessa de emagrecer 5 quilos em 2010?
Aí, outra angustia me invade: preciso mesmo de tanta neura? Até que ponto vai esta insatisfação? Fruto do que e para que? Feliz, notadamente bonita e admirada por marido, platéia, fãs, amigos e alunos, out of standart – of course. Mas, então? Merecia ter perdido alguns minutos desta preciosa semana tendo alucinações onde sentia a comida que descia pela minha garganta escorrendo direto para o depósito acima dos meus quadris?
De quem é a culpa?
Encerro sem saber, mas desta forma não há como ter paz, nem permanecer.

Francielle Felipe