Recentemente
li um texto divulgado na internet a respeito de um momento da relação de Brad
Pitt e Angelina Jolie (leia o texto clicando aqui). Surpreendi-me
ao ver os comentários contrários a minha primeira leitura do texto, pois, as
pessoas estavam entendendo o comportamento de Brad Pitt como uma atitude
machista. Então resolvi
reler o texto e minha segunda impressão foi a mesma da primeira. Reli mais
algumas vezes e não consegui alterar meu raciocínio. Por isso, a pedido de
minha querida amiga e jornalista Ana Carolina, compartilharei o que eu vi.
Digo
o que eu vi porque opiniões são sempre diversas uma das outras e acho ótimo que
assim sejam, pois cada um tem sua verdade que está recheada de nós mesmos, de
nossa formação profissional, religiosa e história de vida e é isso que torna
cada verdade única não existindo assim uma única verdade. Quando nós conseguimos
compreender isso percebemos o quanto a vida e as relações são ricas e uma grande
oportunidade de crescimento e aprendizado.
Tenho visto
muitos casamentos desfeitos. Hoje em dia permanecemos casados enquanto está
bom. Pelo menos pra um dos lados. Lutamos muito pouco pelo outro e para manter
o casamento. Diante das dificuldades nos abatemos e nos entregamos. Desistimos
facilmente daquilo que não está dentro dos nossos moldes de felicidade. Por que
as relações ficaram assim? Afinal, antigamente, no tempo dos nossos avós,
casamento era pra vida toda. Mesmo que isso significasse ser infeliz. Não estou
defendendo que o certo eram as relações antigas e nem mesmo as novas. Afinal, o
mundo e as pessoas vão mudando, as necessidades passam a ser outras e a gente
vai se adaptando. A verdade é que existem muitos fatores que contribuíram pra
essas mudanças no casamento, dentre elas estão as conquistas femininas que
deram mais voz e direito as mulheres, além de vivermos em uma cultura que
alimentou em nós, homens e mulheres a ideia de liberdade, poder e
individualismo.
Bem, digo tudo isso para compreendermos porque
para algumas pessoas Brad é um machista. As mulheres lutam pelo seu direito a
liberdade e Brad simplesmente diz que “A mulher é o reflexo de seu homem”. Porém, como Psicóloga não posso deixar de
dizer que o comportamento de alguém pode sim interferir no comportamento do
outro. A vida é sistêmica. Quando tomamos uma atitude podemos alterar a vida da
outra pessoa que, para se adaptar a quem nos tornamos terá que mudar seu
próprio comportamento. E o mais difícil é que nem sempre estamos fortes o
suficiente para suportar as mudanças impostas e muitas vezes nos entregando as
situações, terminamos deprimidos ou com tantos outros sofrimentos psicológicos.
E não é disso que o texto trata? Não é a partir do comportamento alterado de
Angelina que se tornou praticamente uma “megera” que Brad resolve mudar a sua
forma de encarar sua mulher e essa situação?
Ele viu seu
casamento à beira do divorcio. Até que ele percebeu que sua mulher apesar de
estar irreconhecível a seus olhos, ainda era a mulher pela qual ele se
apaixonou. Era a mesma mulher, tudo aquilo de bom que o fez se apaixonar ainda
estava ali, escondido em algum lugar e ele estava disposto e determinado a ter
tudo isso de volta. Ele a presenteou, falou dela para os outros e fez o que
pode para recuperá-la, para mostrar o quanto ela era importante para ele. Fez
ela mesma se recordar de quem ela era para assim retomar a vontade de ser e de
viver sua vida. Assim, redescobriram o amor. Pois, Angelina redescobriu o amor
próprio.
Ah o amor
próprio, a autoestima! Está aí mais uma coisa que estamos nos esquecendo. Esquecemos
de nos cuidarmos. Vivemos correndo, tendo que nos adaptar a isso ou aquilo e
esquecemos de quem nós somos. Da nossa identidade, do que verdadeiramente
queremos e acreditamos. Ora, amar a si mesmo é o primeiro passo para amar o
outro. Nathaniel Branden, em seu livro A
Psicologia do Amor vai mais além e diz “Se não nos amamos, é quase
impossível acreditarmos que somos amados por outra pessoa. É quase impossível
aceitar o amor. É quase impossível receber amor. Não importa o que nosso
parceiro faça para mostrar que se importa conosco, não sentiremos convicção na
devoção, pois não nos sentimos merecedores de amor”.
Autoestima
todos nós temos uns mais, outros menos, capacidade para recuperá-la também. Precisamos
de foco em nós mesmos e disposição para mudar a situação. É claro que ninguém é
responsável pela felicidade do outro. Essa missão é de cada um. No entanto,
receber ajuda para se reerguer com certeza é importante; em alguns casos
imprescindível. Brad teve foco em sua mulher e em seu casamento, não se
esqueceu de quem ela é apesar dela mesma ter se esquecido.
Percebi então, depois de ler tantas vezes o
texto que toda essa discussão não é uma questão de gênero (homem - mulher), mas
de evolução espiritual, de uma conquista individual. Quantas vezes vemos amigos
se afundarem ao viver momentos difíceis na vida, chegando a não reconhecê-los e
nos afastamos por não saber como agir? Enquanto na verdade, não precisamos
saber dizer as palavras mais sábias, bastando apenas presença sincera, abraço
fraterno e acolhedor. Saber ajudar e enxergar o outro como ele realmente é e se
empenhar para ajudá-lo exige de nós maturidade, autoconhecimento, humildade e
amor ao próximo. Quem está em preparado?
*Por Thaís Prado - psicóloga convidada a escrever para o Reflexões de uma Diva
2 comentários:
Poxa, fantástico!!!AMEI!!
Adorei a reflexão. Eu também tinha achado um pouco machista no começo. Cada um é responsável por si, mas não podemos esquecer que ninguém é uma ilha.
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