Nas celebrações de casamento há toda aquela reflexão poética sobre a aliança, a união de dois corações, etc, etc. Então, eu sempre acreditei que o tal anel era apenas um símbolo de amor, e que na prática poderia até ser descartado.
Há certo tempo, em uma confraternização fui apresentada por um amigo a seu convidado. Como o moço era professor, engatamos longa conversa sobre nossos universos de trabalho e objetos de pesquisa. Num dado momento, levei a mão esquerda ao queixo (eu estava realmente interessada no que ele dizia) e a reação foi de terror: seus olhos ficaram arregalados, o brilho da aliança foi fulminante. Ele não terminou o assunto, pediu licença imediatamente, disse que precisava beber água e não voltou mais.
E eu na minha ingenuidade pensei: “Gente, eu achava que tava fazendo um novo amigo!”. Nesse momento me dei conta da utilidade desta simples jóia. No mesmo minuto, rindo, conclui: “Isso não é uma aliança, é um escudo! Se o marido soubesse, ia ficar feliz com a eficácia do investimento em ouro.”
Dois anos se passaram desde então. Em recente viagem ao Rio de Janeiro, perdi a aliança do meu marido na praia de Ipanema. Ele ficou bravinho e eu tentando acalmá-lo, sem nenhum sofrimento íntimo disse: “Fica tranqüilo amor. Quando sobrar um dinheirinho te dou outra mais bonita!”
Neura minha ou não, crise dos trinta ou sei lá o que, mas ultimamente tenho a sensação de que as mulheres que o cercam andam mais sorridentes e uma leve insegurança me abateu (e olha que aqui não falta auto-estima). Será que as investidas aumentaram desde então? E na ausência do escudo de ouro, como ele reagiria a uma proposta?
Eu não quero nem saber a resposta destas minhas indagações, mas como prevenir é melhor que remediar, vou fazer a minha parte, comprarei a nova aliança com urgência.
Fran